Nara,
por sua vez, percebia todo o movimento do rapaz. E não entendia bem. Houve até
uma tarde em que ela lia um livro, sentada num banco no bosque do colégio,
quando ele veio em sua direção. Sem olhar, ela percebeu. “Deve ser bom esse
livro, hein?” Ela olhou para ele. E ele, meio sem jeito, continuou: “É que você
está tão concentrada...” Ela sorriu, mas ainda sem dizer nenhuma palavra. “Que
livro é?” E ela lhe mostrou a capa. O livro era de um autor francês e Marcos
ficou ainda mais interessado pela moça. É que ele só lia autores nacionais,
exceto pela poesia de Fernando Pessoa, que ele já sabia de cor, e por um ou
outro livro que lhe tivessem sido indicados pelos amigos. Tudo em Nara parecia
convidá-lo para um mundo novo. E mais que isso, para um mundo novo que ele
queria. Mas, depois de ver a capa do livro, o máximo que conseguiu foi dizer:
“Ah, não conheço.” E se retirou.
Na
noite daquele dia, ele não conseguiu dormir direito. Sonhou coisas desconexas,
ficou agitado todo o tempo. Não sonhou nenhuma vez com Nara. Mas sabia que toda
aquela agitação tinha a ver com ela de alguma maneira. A confirmação veio no
dia seguinte.
Estavam
todos os alunos do colégio na lanchonete comemorando o final das aulas. Nara
viu quando Marcos se aproximou. Ele havia lido em algum lugar que os
sentimentos são mais fortes e sinceros quando nem sequer podem ser traduzidos
em palavras. Ainda de cabeça baixa, ele disse: “Vou tentar te dizer, sem
palavras, o que estou sentindo.” E então ele olhou nos olhos dela procurando
expressar tudo aquilo que não sabia explicar. Ela ficou ali parada, tentando
compreendê-lo. E, de repente, ela estendeu a mão.
Cena 10 – COREOGRAFIA + GRAVAÇÃO – Música
“Les Polês”
-
Movimento retilíneo com foco.
Cena 11 – ENQUANTO OUVER SAUDADE
Eu
tenho saudades de amores, de pessoas que passaram em minha vida, tenho saudades
de meu pai, as vezes me pego a pensar no meu pai... Mas logo a saudade vai
embora só de pensar que terei que escutar e resolver tantos problemas que tenho
preguiça. Tenho saudades de coisas, pessoas, momentos que não mais voltarão.
Tenho saudades daquilo que poderia ter sido, mas não foi...
Enquanto
houver saudade,
Há
um pouco de vontade
De
estar ali outra vez.
Outra
vez, o seu cheiro.
Outra
vez, a sua pele.
Outra
vez, o seu gosto.
Outra
vez, seus mistérios.
Outra
vez, seus encantos
Cena 12 – COREOGRAFIA – Música – “Swalufu”
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