Corpo adormecido, acorda, estado embriagado, caminha despertando para a janela.
Observo... existem dois tempos, eu do lado de cá da janela, e o mundo do lado de lá, fora, sol, dia. Na esquina um homem, objetos, passa o dia encostado numa parede branca, como se fosse uma pintura, ao seu lado seu pão de cada dia, algo que vendia.
Pessoas, carros, cachorros, pressa, o mundo está com a tecla avançar, rápido, acionada, tempo é precioso, temos que ser rápidos.
Olhar distante, pedras, concretos, ferros, aluminios, arames, ajulejos, vidraças, janelas... nossa realmente estamos numa verdadeira selva de pedra...
"Quantas vezes eu já falei que não quero esta blusa aqui, estou sendo perseguido por uma blusa verde dentro da minha própria casa, não combina com a decoração da sala"(risos).
Ser humano extremamente maravilhoso, é este o espelho que desejo olhar.
Quando tudo isso acabar, sei que vou sorrir, coração voltará a pulsar vermelho de paixão.
Estrada, ônibus, marginal pinheiros, carros, árvores, prédios, pensamento viaja entre nuvens e céu.
Onde andas? Pessoa que ficou somente na lembrança. Palco preenchido, mas eu... extremamente vazio. Opera, proclamo á Deus e Oxum, de Pai nosso á Ave Maria; acredito que nossa virgem Maria atenderá minhas súplicas, pois é mãe; nenhuma desampara seu filho no momento em que ele mais precisa.
Aplausos; recebo como se fossem para mim, VITÓRIA. Luzes se apagam, corredores, procuro algo, cada degrau que piso busco força, digo pra mim mesmo... "vai que você consegue, o amadurecimento dói mas verás que valerá a pena".
Camarim, reflexão, ritual, espelho, fixo o olhar, cara a cara... este não sou eu.
Vou tirando lentamente cada parte de meu figurino como se cada parte fosse a dor que me consome, ansiedade que me acompanha; neste momento penso que deveria ser assim, arranca coloca no cabide e fica lá, pendurado... mas a vida pede de outro jeito.
Espelho me encara, soco no meio do peito, é esta a sensação. Saída, me deparo com alguém, olhar doce, carinho, colo, risos, mão, coração.